Lições da Renúncia

A renúncia do Papa e a Juventude

Adeus do PapaNos últimos dias, o assunto que mais se comenta é a renúncia de Sua Santidade Bento XVI. De todos os lados somos bombardeados por uma gama de informações: notícias, especulações, teorias, e até mesmo maledicência e calúnia. Como é de costume da mídia que se importa apenas com o lucro da venda de seus periódicos, muitas foram as vozes que se colocaram a criticar a decisão do Papa.

Dessa forma, nós, católicos, precisamos responder a toda má intenção com um propagar do rosto sereno e santo da Igreja de Jesus Cristo! Vejamos, por exemplo, quantas oportunidades de santificação estamos tendo neste nosso tempo: os 50 anos do Concílio Vaticano II, o Ano da Fé, a Campanha da Fraternidade e a Quaresma, a Jornada Mundial da Juventude, e até mesmo a renúncia do Papa Bento XVI.

Sim, a decisão de Sua Santidade é uma oportunidade ímpar para a nossa reflexão. Diante desta situação, inédita desde a Idade Média, devemos nos colocar, primeiramente, em uma atitude de oração, crentes de que a Igreja está nas mãos certas de seu Supremo Pastor, Jesus Cristo, e por isso “as portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16, 18).

Depois, devemos tomar algumas lições com o gesto de renunciar. Juventude do PapaAos jovens, a postura do Papa é ainda mais eloquente, pois mostra quais são os caminhos a se tomarem em momentos nada fáceis, como os instantes da dúvida, por exemplo. Qual de nós, jovens, que não temos a cabeça tão cheia de perguntas? Com sua renúncia, o “Papa professor” continua a dar lições.

Em primeiro lugar, Bento XVI nos ensina a humildade. Talvez o sinal mais humilde seja a negação total do próprio eu, quando se toma consciência de que nada se é, nada se tem, nada se sabe, que tudo está nas mãos de Deus, e assim cumprir Sua vontade. Bento repete Paulo: “Pela graça de Deus, sou o que sou, e a graça que ele me deu não tem sido inútil” (1Cor 15, 10). Basta contemplarmos a figura do Papa que logo perceberemos que ele nunca viveu para si, inclusive quando renuncia, mostrando o seu desapego ao poder e às vantajosas regalias que o mundo oferece. Ensina-nos a reconhecermos nossos limites, notar nossa fraqueza, tomar consciência de nossa debilidade. A humildade, derrubando o orgulho de querer sempre ser melhor que o outro, nos leva a dizer: “não dá”, “não sei”, “não consigo mais”.

A segunda lição, é o serviço. Ainda que a renúncia possa parecer uma recusa ao servir, é o contrário. Bento XVI foi um servo sempre atento às necessidades da Igreja. Serviu como professor, como sacerdote, como bispo, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, como Sumo Pontífice. Serviu a Igreja, para que ela servisse quem mais precisava. Notemos a sua primeira fala depois da eleição como Papa: “Depois do grande Papa João Paulo II, os senhores cardeais elegeram a mim, um simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”. E não ficou apenas no campo teórico, basta analisar seu pontificado. Quantas pontes criou! Fidelidade a CristoComo testemunhou a fé! Agora, renuncia para continuar servindo, na oração escondida e humilde. Rezou como o Salmo 39: “fazer vossa vontade, meu Deus, é o que me agrada” (v. 9).

O terceiro grande sinal que deixa com a renúncia é a fidelidade. Constantemente somos abordados por ofertas irrecusáveis de prazer, de ter, de poder. As tentações de Cristo no deserto também são as nossas de hoje. O mundo do consumo e do culto ao ego deseja conduzir-nos para a submissão às falsas divindades. O gesto de retirar-se do Papa é um eloquente brado: sejamos fiéis! Cristo é nossa referência, renunciemos a tudo aquilo que nos impede de caminhar e permanecer nEle – parece querer nos dizer o Papa. Repousa, Bento XVI, sua vida no Espírito Santo, afinal, não é a fidelidade fruto deste mesmo Espírito?

Por fim, estes três pontos estão profundamente unidos, e eles encontram seu elo em Jesus Cristo. Caro jovem, querido amigo, estas lições que o Papa Bento XVI nos deixa podem ser resumidas em apenas uma: contemplai e abraçai a Cruz! Nela encontramos a resposta a todas as perguntas que tumultuam nossa mente e deixam nossa alma inquieta.Na humildade, no serviço e na fidelidade somos convidados a caminhar neste mundo, como nos ensinou, e ensina Bento XVI. Estejamos sempre atentos à voz do Vigário de Cristo!

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