Harry Potter e as Relíquias da Morte

A tão famosa saga do bruxo de cicatriz na testa teve as portas de seu fim abertas este mês nos cinemas. Embora muitos já conhecessem a conclusão da trama através dos sete livros escritos pela inglesa J. K. Rowling, foi para todos um grande acontecimento a estréia do oitavo e último filme gravado pela Warner. E como foi em todos os capítulos anteriores, Harry Potter e as Relíquias da Morte 2 arrastou multidões para as salas de cinema de todo mundo.
A octologia cinematográfica é um marco na história do cinema e não somente isso, mas também representa uma geração de crianças – hoje jovens e adultos - que cresceu com o bruxo nestes sete anos de história e onze de cinema. Portanto, não é possível falar da história ‘potteriana’ sem algumas gotas de saudosismo e emoção. Como algo que faz parte da vida a alegria do fim é tão maior que a do princípio que ao ouvir as notas do “Tema de Edwiges” – a característica música - já não aguardamos o início de mais um filme, mas o retorno de um amigo, o reencontro de sentimentos, e a visão de si próprio, com os conflitos inerentes ao crescimento de um adolescente, na tela. Questão de identificação.
Harry Potter parte, ainda que eternizado nas páginas e nos discos, deixando para todos – fãs ou não – uma série de lições, e boas. Como sabemos, desde o lançamento do primeiro livro, a série recebeu críticas de todas as dimensões, a maioria de caráter negativo, sobretudo por ser uma trama onde o assunto principal era a bruxaria, com feitiços, azarações, fantasmas, lutas, duelos e mortes. Mas eram poucos os que se esforçavam para ver a mensagem benéfica que o primeiro e todos os outros livros – bem como os filmes - trouxeram aos espectadores.
Em primeiro lugar, a série literária ‘Harry Potter’ é uma ficção e não tinha qualquer compromisso de traduzir em suas páginas a realidade como ela é. Deixa-se levar pela fantasia, por aquilo que sabemos não existir, mas repleta de humanidades, daquilo que é próprio do homem. Talvez por isso tenha atraído tantos olhos: misturar realidade e imaginação, um misto de desejo de dar um passo maior que o sensível, além da escrita de Rowling, que é simples, de fácil compreensão, narrando a vida de um menino órfão cujos pais foram mortos pelo maior símbolo do mal, o qual também quer aniquilá-lo.
É assim que se iniciam as lições de Harry Potter: a eterna luta entre o bem e o mal. E dessa forma acontecerá o desenrolar da trama. Para aqueles que conhecem a história mais explicações são desnecessárias, e os que ainda não conhecem fica a instigação.
A superação do garoto é digna de nota. Assim também como a amizade: encontrar amigos, confiar, cultivar. O companheirismo do trio protagonista demonstra, entre risos e discussões, o valor da amizade e como, com ela, pode-se chegar mais longe em mundo como o nosso, na real corrida individual pelo poder em cima do outro.
Também deixa lições de coragem: não temer o mal, mas lutar contra ele e nessa luta ser perseverante. E sempre o mal foi combatido pelos bons, a ponto de, no último livro, haver um mar de mortos, todos pela vida de Harry e pela destruição de Voldemort. Não temer a morte quando se sabe que a causa é justa e boa, digna de ser oblação até o sangue derramado. É lição para hoje quando tantos se perdem por não encontrarem um sentido, por não acharem razões para viver.
Não passa em branco a perseverança, a alegria, o saber conviver com as diferenças e o suportar quando não se consegue amar. E por fim a maior de todas as lições que Harry Potter deixa, depois de tantos anos, é o amor. Sua mãe deu a vida pelo menino, e por causa de seu amor ele não padeceu. Por amor ele viveu e pelo amor que corria em suas veias destruiu Voldemort. Sem contar o amor de Snape por Lilian, amor que transforma qualquer pessoa. Podemos exemplificar, pois muitas outras são as lições para a vida, resumindo em uma frase – entre tantas célebres – de Alvo Dumbledore: “Não tenha piedade dos mortos, Harry. Tenha piedade dos vivos e, acima de tudo, dos que vivem sem amor.”

Sim, Harry Potter pode parecer mais uma história açucarada, infantil, jogada de marketing. Mas não deixa de ser séria para quem assim a encará-la. Tem um final feliz, e isso pode desagradar a muitos, mas qual o nosso desejo se não de que também nossa vida tenha um feliz findar?
Que varinhas mágicas se tornem mãos estendidas pela caridade; que feitiços se tornem palavras de consolo e edificação; que dragões se transformem em forças pela mudança; que maldições sejam convertidas em bênçãos. Que o ódio da vingança seja transfigurado pela mágica mais do que real do amor.
Tudo depende das coisas simples, desde a simplicidade de uma gentileza até a suavidade das palavras. É a simplicidade que faz a vida valer a pena, sem a necessidade de complicações, mas apenas dar um novo sentido a tudo através do amor. Como disse Dumbledore em outra ocasião: quando tudo estiver envolto em trevas, basta acender a luz. É isso. Difícil e fácil, sim, talvez mais simples que atravessar a Plataforma 9 ¾.
Termina com méritos a série Harry Potter. Merece aplausos. Fica pra História.
Comentários
abraço.
Silvana
Acredito que Harry Potter, o menino “bruxo”,vai continuar sendo assistindo e lido, por muito tempo.
Edvaldo...
Mas uma vez, PARABÉNS, pela analise. Li e reli, e lendo novamente , encantada.
Abraços velho Odlavde!
Pensei que era o único que achava Harry Potter instrutivo.
Realmente, ensina muitos valores, e de forma agradável e muito, mas muuuito empolgante.
"Não temer a morte quando se sabe que a causa é justa e boa, digna de ser oblação até o sangue derramado."
Para mim essa parece ser a uma das chaves de leitura para Harry Potter...
Depois de ler isso, fiquei pensando...nunca quis que os mocinhos morressem nos filmes, mas de fato, a Rowling fez bem e matar todos os personagens que matou, afinal, melhor morrer por uma causa, que continuar vivendo e matar dentro de nós a causa que nos faz viver....O AMOR!!!
NATALY / ENGLAND