Esforço

“Um abismo atrai outro abismo” (Sl 41, 8)

Eu tenho um sonho…

AbismoEsse é o título do discurso de Luther King em favor da igualdade entre negros e brancos. Era mais que sensível a segregação racial nos Estados Unidos dos anos 60 e o clamor que brota de um dos mais aclamados homens que o mundo já viu é um grito em favor da liberdade. É um brado pelos seus ideiais, um desprendimento de forças em defesa de um povo. O dirscurso de Luther King é um dos mais famosos e considerado o melhor discurso estadunidense do século XX, isso porque que suas palavras representam e defendem aquilo que temos de mais importante: um sonho.

Não sou um grande líder, vivo em uma sociedade em que a segregação aparente foi reduzida  de forma considerável. Meu país é tratado como celeiro de união, compatibilidade de miscigenações e diferenças, ainda sendo a realidade diferente do mito exportado. Embora exista esta infinitude de diferenças, eu também tenho um sonho. Como todo os seres viventes, sou alimentado de ideais, de perspectivas, aspirações e desejos. Tenho na alma um anseio sempre crescente de lutar por aquilo que me parece justo e bom para mim e para meus pares. Sonho que nunca está só, pois sempre junto dele caminha a esperança, bela e formosa joia, riqueza ímpar.

Meu sonho pode ser julgado como utópico, surrealista, até mesmo alienado ou ingênuo. Não importam os rótulos que ele possa receber, o que vale é que por ele, pelo meu sonho, eu luto com afinco, garra e determinação. Contudo, trabalhar para que o sonho torne-se realidade palpável, caminhos devem ser trilhados, como o do serviço, da doação, da cooperação, da caridade, da promoção humana.

Essa luta, pela equidade e igualdade, pela constância da paz, pela proteção dos fracos e pela justiça dos injustiçados, exige que meus passos se dirijam a um lugar chamado Igreja. Nela, encontro aquilo que é necessário para batalhar pelo meu sonho, que é agora um sonho comum daqueles que colocaram a mão no arado e passam a lavrar a terra da seara, segundo os ensinamentos de um só mestre, Jesus Cristo.

A adesão à fé, esse desejo de fazer parte de uma família universal exige muito. Exige que sejamos fiéis a ela, à sabedoria do Mestre, à Verdade Revelada, à Tradição, ao Magistério. Minha fidelidade à Igreja tem de ser incondicional, pois a escolha que por ela eu fiz foi por chamado divino que respeitou minha liberdade, meu direito de dizer sim ou não.

Sendo assim, luto conforme a Igreja, com a Igreja, pela Igreja, pois sei que ela é o corpo cuja cabeça é o próprio Cristo. Como tudo que é governado por mão humanas, a Igreja também possui suas falhas e pecados, mas também é santa, e é nesta santidade, vinda do Ungido, que está sua força. Dessa forma, como membro peregrino e itinerante neste mundo, sigo sua moral. E ela me ensina que devo ter sempre posições claras, não ambíguas, não relativas, mas que instruam para o bem.

É dessa forma que me oponho totalmente a tudo aquilo que apresenta risco à vida do ser humano. Desde sua natural concepção até seu declíneo, a vida tem prioridade em nossas lutas, pois é criação do próprio Deus, fruto de um amor incondicional e sem medidas. Por isso devemos atentar-nos com as ameaças que a vida humana sofre constantemente. Temos por obrigação, a partir do momento que decido ser cristão, ser católico, seguir o que a Igreja ensina. Não um radicalismo fundamentalista, mas convição, comunhão e participação.

Escrevo isso pois nosso país está ameaçado por forças que querem acabar com todo o tipo de moral e influência que a Igreja Católica exerce ainda hoje. São forças claramente marxistas, que excluem Deus da vida do ser humano, e definem a religião como o ópio do povo. As influências das trevas, destruídoras, se lançam contra tudo aquilo que já foi construído. Querem primeiro tomar todo o poder e centralizá-lo em mãos únicas. Não é por acaso que a política externa de nossa República anda tão próxima de regimes ditatoriais, como Cuba, Venezuela e Irã. Querem destruir a dignidade do ser humano, querem fazer uma revolução onde os próprios interesses estão em jogo. Querem terminar com a fé, querem instaurar uma cultura de morte.

É nossa missão, irmãos em Cristo, homens e mulheres de boa vontade, lutar contra toda e qualquer ameaça, conta todo governo anticristão. Não podemos entregar nosso país nas mesmas mãos que escreveram planos de destruição, que ainda chamam de planos de desenvolvimento humano. É um plano hediondo, que parte de um governo que quer impor ao povo pontos contrários aos ensinamentos de Jesus Cristo.

Nós, batizados, temos mais que o dever, temos a obrigação de defendermos nossa fé. Temos que reagir, senão o abismo que já existe será ainda maior. O próprio Cristo nos ensinou que devemos dar primazia aos mais fracos, então porque não lutar por todos os nossos irmãos que necessitam a partir dos ensinamentos do próprio Pobre de Nazaré? O fim da desigualdade humana aliada à promoção da dignidade do homem só é possível com Deus. Fora dEle tudo é vão.

Não quero aqui convencer partidariamento o voto de ninguém, aliás as eleições já chegaram. Mas sim despertar os cristãos à realidade que estamos vivendo. Evangelizar é anúnciar a verdade e denúnciar o erro. Onde está nossa vocação profética? Sabemos pela história que sempre o calar dos bons fizeram com que os maus trinunfassem. Levantemo-nos. Empunhemos nossas mais pacíficas armar. Estejamos atentos, vigiando e orando.

Eu tenho um sonho. Você tem um sonho. A busca deste sonho não acontece quando estamos em oposição a Deus. Por isso, independente dos eleitos deste pleito, serei um soldado de Cristo, disposto a lutar por aquilo que Ele nos ensinou, pelo bem. Lutar, enfim, pelo meu sonho, disposto a enfrentar inclusive o mesmo fim de Luther King.

Edvaldo Betioli Filho

Curitiba, 31 de outubro de 2010 / Eleição Presidencial

Comentários

Margareth disse…
Ao ler seu texto, fico deveres encantada, com sua determinação. Sempre disse, e continuarei dizendo a você, que suas escritas mostra todo seu sentimento, seja de sonho, seja de amor, seja de injuria, seja qual for sua emoção do momento em que você está vivendo. Mas sempre é você nas linhas escritas, seu caráter, sua formação.

“... Meu sonho pode ser julgado como utópico, surrealista, até mesmo alienado ou ingênuo...”.
Filho... Jamais subestime seus sonhos, jamais subestime o poder de suas ações por menor que você pense ser elas, são em nossas ações que podemos mudar nossa vida e a vida das pessoas.

Se eu fosse colocar cada parágrafo que li em seu texto e que me deixou encantada, iria retratá-lo todo aqui novamente... Tenha a certeza de que seu sonho ou melhor diria: “nosso sonho”, de um mundo melhor, mais justo e fraterno, jamais terá fim, e te peço JAMAIS abandone seus sonhos, e como sonhador, continue a ousar, e agir de forma, a imaginar um mundo onde as pessoas não ajam de maneira passional ao verem seus semelhantes abandonados, e infelizes, dentre tantas outras injustiças.

Parabéns, pelo que seu texto.

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